domingo, 30 de maio de 2010

To coach or not to coach?


Bem... não é para estar sempre a justificar-me, mas não tenho dado notícias porque como sempre a vida acaba por dar umas voltas e entre uma coisa e a outra, a má gestão do tempo acaba por pesar muito.

Mas o que me traz aqui é o que fiz estes últimos dias. Para fazer um favor a uma colega, inscrevi-me num curso que aqui se chama "Mandos Intermédios". O curso consistia, muito resumidamente, em ver se tínhamos capacidade natural para liderar ou não, se seríamos capazes de coordenar e gerir uma equipa, como, em que circunstâncias, quais seriam as nossas reacções, entre muitas outras coisas. A novidade residia no facto de ser com cavalos. Porquê? Ao que parece são animais que, como muitos outros, só se movem em manadas, mas são medricas por natureza, com o qual só seguem um líder que seja capaz de agir com naturalidade, de gerir e coordenar de uma maneira hábil e decidida, etc.

O que nunca pensei foi que aquilo mexesse tanto comigo... Logo no primeiro dia já andava para trás e para a frente com eles, a correr, a puxá-los, a levá-los, a saltar com eles, e... a montá-los sem sela... As pessoas que coordenam aquele curso também me fizeram sentir muito bem desde o princípio. Fizeram-me abraçar os bichos, ouvir o coração, uma série de coisas que só se aprende com a prática, nada do que vem nos livros. Ganhei essas pessoas e elas ganharam-me a mim. Em 30 minutos já lhes era capaz de dizer abertamente quais eram os meus receios, o que achava que era e não era capaz de fazer e onde queria chegar.
No final acabaram por me alimentar o ego, ainda que dando-me nas orelhas. "Tens um potencial tremendo, mas estás-te a marimbar. Tens calma e paciência quando precisas, defines objectivos, mas não gostas de ser tu a levar. Preferes que te levem."
Sim, era verdade... sem cursos de psicologia (algo que odeio!) desintrinsecaram-me sem mais e expuseram-me, sem que no entanto me sentisse nua.

Mais dias vieram, e o facto de ter que ir a correr depois do emprego, de mal almoçar e deixar a cabeça e o coração com o F. que esta semana teve um pequeno acidente, lá ia eu toda feliz e contente, montar a cavalo, correr e saltar, fazer figura de parva e cagar-me (peço desculpa expressão) até às pestanas e sobrancelhas (que chegavam a casa sempre cheias de terra!).

Hoje chegou o fim... e eu entrei já na sessão com um sabor amargo na boca. Disseram-me tudo o que me tinham dito antes e mais um par de coisas. Mas aquilo que me deixou mesmo feliz foi quando um, um homem experiente, com meio mundo conhecido e explorado, e com a idade do meu Pai disse à frente de um grupo de 20 pessoas que confiava em quem menos se esperava e "na Portuguesa. Nessa confiava cegamente! Se tivesse que ir para o pior deserto do mundo, ia atrás dela sem questionar nada". Senti-me bem, claro, mas não sorri. O objectivo daquele curso era aprender a dominar situações fora dali, no mundo normal e corrente, na vida pessoal, mas mais do que nada na profissional.

Eu conheço-me profissionalmente. Estou habituada a trabalhar sobre pressão, o que confesso que até gosto, com objectivos e sou metódica. Não posso dizer que exteriormente seja organizada, mas mentalmente sei o que quero, ao que vou e como chegar a ele. Mas também tenho que assumir que o facto de ter tido o F. me deixou por uns tempos algo perdida... Não estou sozinha e tenho quem dependa de mim, alguém que depende dos passos que dou e direcção que tomo. Alguém em quem tenho que pensar 1000 vezes, embora não seja impedimento para nada. Assumo que o pai acaba por ser muito mais a limitação, algo que confesso que depois de tanto tempo, ainda não sei ultrapassar... E foi por isso que fiquei triste... Não me apresentaram soluções, não me deram coordenadas. Disseram-me que tinha que confiar em mim, pensar e decidir-me. Deram-me uma folha com umas perguntas que me disseram para ir respondendo. Para me ir debruçando sobre elas e ir formando um plano. Parece que afinal as ditas respostas se encontram dentro de mim.

Eu estou farta de estar sentada com a folha à frente... de escrevinhar, de pensar, de me deitar no sofá, ouvir música, procurar coisas na internet e não chegar a conclusão nenhuma. Sei o que gostava de fazer, tenho muitos projectos, mas sei também que não os posso desenvolver sozinha, preciso de alguém que me complemente.
Muita gente já me disse que sim, que vão começar a ver de coisas, que o(s) projecto(s) tem(/têm) perna(s) para andar para a frente, ou até mesmo sou eu procurada para coordenar projectos de outros, mas ninguém se mexe...
E eu fico desanimada, com a sensação de ver o comboio passar. Quero tomar as rédeas, mas parece-me que os cavalos verdadeiros eram muito mais fáceis de levar, mesmo quando não tinham nem as cordas ao pescoço.

Eu sei que as respostas estão dentro de mim, mas não as encontro...

No final do curso recebi um abraço forte, perguntei se nos voltaríamos a ver e sussurram-me algo ouvido tal como o Bill Murray à Scarlett Johansson no final do Lost in Translation.
E eu senti um nó na garganta e saí dali completamente desamparada...